12 de agosto de 2013

HQ [Resenha]: WATCHMEN - Alan Moore

Sobre a Coluna:
A ideia da coluna é ocasionalmente dividir com vocês opiniões e informações sobre HQs. Enredo, diagramação, ilustrações, curiosidades e outros aspectos serão contemplados e analisados nessa sessão. Se você é fã dos quadrinhos, está no lugar certo!
"Diário de Rorschach. 12 de outubro de 1985. Carcaça de cachorro atropelada encontrada no beco hoje de manhã. Esta cidade tem medo de mim porque conheço sua verdadeira face. As ruas são extensões das sarjetas cheias de sangue. Quando os canos dos esgotos se encherem de sangue todos os vermes morrerão afogados. A sujeira acumulada de sexo e crime envolverá prostitutas e políticos, que voltarão os olhos para cima, implorando ''salve-nos!'' E  eu, do alto, responderei: "Não".
Não há melhor título para estrear a sessão de HQ's do LP do que com Watchmen, a aclamada série de quadrinhos de Alan Moore (V de Vingança) e Dave Gibbons que iniciou o processo de maturação desse vasto mundo que todos conhecemos. É considerada por muitos a história mais envolvente e bem construída que já foi feita nesse gênero, pois é o primeiro que adiciona elementos políticos e sociais em um tipo de escrita que era popularmente infantil, gerando polêmica e grande repercussão.
Nota: A resenha foi feita com base no texto original da obra que, no caso, é inglês. Opiniões sobre a tradução e disposição das falas na versão brasileira não foram contemplados nesse post.


Avaliação (dentro do gênero):
Título: Watchmen
Título Original: Watchmen
Autor: Alan Moore
IlustradorDave Gibbons
Ano: 1986
Responsável: DC Comics
Sinopse: O ano é 1985. Os Estados Unidos são uma nação totalitária e fechada, isolada do resto do mundo. As presenças de arsenais nucleares e dos chamados super-heróis mantêm um certo equilíbrio entre as forças do planeta, até que o relógio do fim do mundo começa a marchar para a meia-noite, e a raça humana, para um abismo sem-fim.




A história se passa em meio a Guerra Fria (1945-1991) em um mundo repleto de medo de um conflito nuclear (e possível extinção da raça humana) entre as duas superpotências existentes. Foca-se nos EUA, mais precisamente na cidade de Nova Iorque, onde heróis denominados Vigilantes surgem (daí vem o nome Watchmen) com a premissa de andarem pelas ruas protegendo a população dos perigos da cidade. Após a popularização dos heróis, é criada a Lei Keene, que obriga os Vigilantes a se filiarem ao governo americano, uma vez que a população e a polícia sentem-se ameaçados. Há então protestos contra os heróis, e a situação é muito conturbada. Anos depois, porém, algo inesperado acontece: Edward Blake, um dos icônicos mascarados, é assassinado. O que deveria ser reconhecido como um perigo para ex-mascarados, é abafado e poucos ficam sabendo de sua morte. E então, conhecemos Rorschach.

Decididamente meu personagem favorito, Rorschach apresenta a cidade e seu meio caótico por meio de suas anotações num diário. O herói (ou até anti-herói, dependendo do ponto de vista) continuou a exercer sua função de vigilante, uma vez que foi contra a lei que o obrigava a ser um contratado do governo. Ele tem sua história contada em um dos capítulos mais fortes da obra, e suas atitudes bruscas e modo grosseiro de realizar suas ações é explicada de maneira sensacional.


A narrativa permite que conheçamos melhor a personalidade de cada protagonista da história, fazendo com que sua concepção deles, ao longo do livro, eleve-se de "apenas caras mascarados que lutam bem" para "incríveis e épicos heróis de forte carisma". A construção de cada um ocorre por meio dos capítulos, geralmente focando cada um dos heróis, intercalados com páginas de jornais, livros e fotos que nos dão informações adicionais sobre o background da história.

A ideia por trás da obra é desvencilhar o conceito de "herói" daquele que usualmente nos vem à mente: indivíduos super-poderosos que são perfeitos e salvam o mundo com suas atitudes heroicas. Moore conseguiu desenvolver heróis possíveis, que têm medos e problemas como quaisquer outras pessoas, sendo essa uma das principais razões do sucesso imenso desta HQ. Além disso, as ilustrações de Dave Gibbons são feitas de modo excepcional, assim como o enquadramento que lembra muito o de uma progressão cinematográfica.







A história foi adaptada para o cinema, gerando controversas em sua crítica (tanto pública como jornalística): muitos afirmam que o filme é tão fiel ao original que a palavra "adaptação" chega a ser irônica, enquanto outros a amam exatamente por isso. Na minha opinião, o filme é um ótimo modo de retomar todas as ideias contidas na HQ depois de terminá-la, uma vez que segue tão bem sua linha. O triste, entretanto, é o fim do longa. A única mudança que fizeram acabou por deixar mais simples uma das partes mais incríveis da saga. Apesar disso, vale a pena conferir.

[...]

Se você procura uma graphic novel que possua uma trama bem elaborada, personagens bem construídos, drama e comédia com um certo toque político-social, Watchmen é para você. Não tem como se arrepender ao ler uma história tão detalhadamente feita. Com certeza um must para os amantes dos quadrinhos!



12 comentários:

  1. Parabéns pela resenha, Zu! Arrasou, né, fazer o que...(o pior é lembrar do "mimimi não sou bom nisso :(")! Como eu já te disse antes: texto bem escrito, claro e divertido de se ler! Beijos

    Gabriela

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    1. Obrigado amor heheh, quando você senta pra fazer quando está com vontade, sai tudo naturalmente, fica bem mais fácil kk


      Aquerman

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  2. Alan Moore é o Rei. Belo texto! Dá pra fazer teses de doutorado só sobre o Rorschach, quanto mais sobre a obra toda.

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    1. Nossa, com certeza. Rorschach é quase um deus, junto com o Moore hahah


      Aquerman

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  3. otimo mereser mais que 5 estralas

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  4. Alan Moore é deus! Ótima resenha, parabéns.

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  5. Pra mim o Rorschach é só mais um cão no mundo cão. Evidente que se tem alguém que mudou o destino é quem podia fazer isso, e o fez muito bem.

    "My name is Ozymandias, king of kings:
    Look on my works, ye mighty, and despair!"

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    1. Realmente, Veidt é um cara que realmente merece um destaque imenso, a ideia dele foi sensacional, embora um pouco extrema demais. Mas até aí, para situações extremas são necessárias medidas extremas rs. Obrigado pelo comentário!


      Aquerman

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  6. A Trilha Sonora do filme é animal!!!!, belo texto parabéns

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  7. Fala Lupino, mas achei que era ucraniano, não polonês, kkkk! Mas deixa pra lá. Watchmen é demais, da minha época. O filme é até legal. Mas a versão encadernada americana, com o material todo entremeando a história - trechos de livros, reportagens, perfis, anúncios - é muito mais completa e dá um caldo. Sem falar nos Contos do Cargueiro Negro, a história de pirata que rola da metade pra frente. Não gostei do Veidt do filme. No livro, ele é um cara meio melancólico, triste, talvez por saber o quanto irá custar em vidas seu projeto de acabar com a guerra. No filme, ele é meio egocêntrico, meio bundinha. Mas vale ver. Abração.

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    1. Só fui saber que era ucraniano depois de divulgar a ideia de que é polonês HEIAOSUHE. Realmente, O Veidt do filme é bem babaca, se for comparar com o do livro. Podiam ter construído um Veidt bem melhor.
      Valeu pelo comentário!!


      Aquerman

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    2. Concordo 500% sobre o Veidt!!! O do filme, ficou devendo muito.

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